Foto: Divulgação - Igreja Luterana sem Torre
A história da Comunidade Evangélica de Petrópolis (Denominação registrada), está intimamente ligada à história da colonização da Fazenda do Córrego Seco na Serra da Estrela, desde 1845.
Apesar da presença de imigrantes alemães luteranos na região do Itamarati, e a realização de alguns atos religiosos evangélicos, desde 1837, não foram esses os responsáveis pela instalação e construção da Comunidade Luterana em Petrópolis, pois em 1842, já não se tinha mais informações acerca da presença desses imigrantes aqui na cidade.
Os colonos alemães contratados pelo Major Engenheiro alemão Júlio Frederico Koeler, um militar luterano contratado pelo imperador, juntamente com o Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa, para criar e desenvolver um projeto de construção de uma residência de veraneio para a família imperial e o estabelecimento de uma povoação no lugar da antiga Fazenda do Córrego Seco.
O Governo Provincial, por seu lado, encarregou em 1844 a firma Charles del Rue, de Dunquerque, na França, de promover a vinda de 600 trabalhadores destinados às obras públicas da Província. Porém, por erro de tradução, convocou-se 600 famílias que assim vieram, incluindo-se nelas um grande número de crianças de colo e idosos.
Em 1845, nas terras da cidade de Pedro, certos trabalhos haviam sido iniciados. O Major Koeler, por anúncios em jornais do Rio, procurava operários e artífices, quando deu entrada na Guanabara, em 13 de junho de 1845, o veleiro “Virginie”, vindo de Dunquerque e tendo a bordo 161 pessoas. O escrivão Damcke, diz: ”Sendo o Major Koeler informado do ocorrido, teve uma entrevista com o Mordomo da Casa Imperial, o conselheiro Paulo Barbosa da Silva e em seguida com o Presidente da Província, o Senador Aureliano de Souza Coutinho, em resultado da qual concordou-se transportar os colonos à Imperial Fazenda de Petrópolis, a fim de lhes serem distribuídas terras por aforamento perpétuo”. Estes primeiros colonos chegaram ao Alto da Serra da Fazenda do Córrego Seco no dia 29 de junho de 1845, considerado Dia da Colonização de Petrópolis.
Foto: Divulgação - Igreja Luterana vista interna
Em 25 de julho de 1845, após a morte de uma criança alemã, Koeler demarca uma área de terreno para a construção de um cemitério luterano e comunica ao Governo Provincial, a necessidade da vinda de um pastor protestante da corte, para realizar os ofícios evangélicos e abençoar o local do cemitério.
Por diversos anos, alguns pastores subiam a serra para celebrar casamentos, batismos e outros ofícios, além do ensino religioso às crianças e adolescentes. Em 1852, tocado por essas celebrações, e pelas festas que os colonos faziam a cada visita pastoral, o Imperador D. Pedro II, prometeu ao Pastor Lippold, a doação de um terreno e liberação de verbas para que fosse construído um templo evangélico. Entretanto, com sua morte, o pastor que o substituiu não deu continuidade às tratativas para a concretização dessa promessa.
Em 1862, chega a Petrópolis o pastor Stroele e no dia 10 de agosto do mesmo ano foi lançada a pedra fundamental da igreja. Numa urna foram depositados um texto sobre a histórias dos colonos que construíram a nossa comunidade, um exemplar do Novo Testamento, alguns números do jornal “Brasília”, igualmente um exemplar do “Mercantil”, e também uma planta primitiva de Petrópolis de autoria do Major Koeler. Algumas das pessoas presentes ainda juntaram diversas espécies de moedas nacionais.
Foto: Divulgação - Igreja Luterana
O Pastor Stroele ficou à frente da construção do templo, chegando até a ser convidado a comparecer diante de um delegado de polícia, o qual determinou que os ornamentos colocados na fachada do prédio, indicando que ali era um lugar de culto evangélico, pois na época, por força de lei, isso era proibido a todas as casas de Deus não católicas. O Pastor argumentou que sinos e torres eram considerados símbolos externos, e que também no Rio de Janeiro, perante a vista das autoridades, foi colocado na igreja evangélica, como ornamento, uma Bíblia e um cálice. Por isso, sob qualquer pretexto, não tiraria o enfeite, e sim se submeteria às consequências da lei. Estas consequências não se deram. Uma nova audiência não foi convocada. Os enfeites ficaram na Igreja.
Uma vez concluída a obra, para a inauguração e consagração da Igreja, foi escolhido o dia de Pentecostes, que no ano de 1863, ocorreu em 24 de maio. A Igreja, edificada e dedicada ao serviço de Deus em 1863, era simples. Não possuía torre e sinos, faltava até o forro. Contudo, a geração posterior àquela que construíra a igreja, mostrou-se digna dos antepassados, pois para o 30º aniversário conseguiu preparar a igreja introduzindo muitos melhoramentos. Entretanto, devido aos altos custos das reformas e melhorias, a torre somente foi finalizada dez anos depois, em 1903, para onde os três sinos foram transferidos. Em 1916, foi instalado um órgão de tubos Walker, para abrilhantar ainda mais as cerimônias realizadas no templo.
As demais gerações, que vieram após essa época, continuaram preservando e, na medida do possível, melhorando a obra conquistada pela perseverança e dedicação de todos os luteranos – homens, mulheres e crianças – que, sob a proteção e bênção de Deus, motivados pela força do Espírito Santo e alinhados na missão de conservar e propagar os ensinamento de Jesus Cristo, fizeram do Brasil, e mais precisamente de Petrópolis, seu novo lar, sua nova pátria.