O Clube 29 de Junho é uma instituição sem fins lucrativos, dedicada a cultivar a tradição germânica na cidade de Petrópolis, reverenciando a memória dos heroicos antepassados, seus primeiros habitantes em massa, os colonos alemães. Nele são evocados os que, com árduo trabalho, desbravaram as então matas virgens, construindo suas casas e do solo tirando o próprio sustento. A nós juntam-se todos aqueles que se vinculam por laços de sangue ou de afeição.
Seu nome é uma alusão ao dia 29 de junho de 1845, quando há 160 anos, as primeiras levas de colonos foram chegando em solo petropolitano e sua criação deve-se a um grupo de descendentes, amantes de suas tradições e dispostos a resgatar os hábitos e costumes de seus antepassados. São eles: Guilherme Auler, Manoel Walter Bechtlufft, Pedro Hees, Dulce Carolina Becker, Guilherme Kreischer, Carlos Beck, Maria Carolina Pfeiffer, Adão Pelz Filho, Mansueto Weber e Ernesto Schön.
A instalação solene do Clube 29 de Junho aconteceu no salão nobre da Câmara Municipal de Petrópolis, no dia 29 de junho de 1959, às 16:30hs, com a presença de autoridades, descendentes dos colonos e grande público, sob a presidência de Guilherme Auler. A bandeira do Clube foi abençoada pelo Frei Stanislau Schaette OFM, com água colhida dos três principais rios da cidade: o Piabanha, o Quitandinha e o Palatinado. Finalizou-se a sessão com a execução do Hino Nacional Brasileiro pela banda do Batalhão D. Pedro II e cantado por todos.
Dando seguimento aos festejos, todos se reuniram na sede da Sociedade Coral Concórdia (ex Deutscher Saengerbund Eintracht) para ouvir a apresentação do “Coral 29 de Junho”, com 19 vozes, cujas raízes, remontam do ano de 1863, quando os colonos e seus descendentes formaram o primeiro conjunto oficial de canto coral em nossa cidade.
Em novembro do mesmo ano o Clube 29 de Junho foi considerado de utilidade pública a nível municipal e estadual. Muitas atividades já foram e são desenvolvidas pelo Clube desde os primeiros anos de existência. Já no ano de sua fundação, foi editado o primeiro número do “Suplemento do Clube 29 de Junho” anexo a edição do Jornal Tribuna de Petrópolis e aberto um curso de língua alemã. Em 1961 foi criado o “Grupo de Danças Antigas”, composto por 12 casais que apresentavam suas polkas, valsas, schottisch, mazurkas e rheinländer, danças que foram trazidas pelos colonos e que caracterizavam os bailes de outrora. Através de pesquisas, constatamos que este grupo de danças foi o segundo oficialmente em atividades na cidade, visto que, o primeiro surgiu no ano de 1935 entre os alunos da antiga Deutscher Evangelische Gemeindeschule (Escola da Comunidade Evangélica Alemã) da Igreja Luterana em Petrópolis.
No decorrer dos anos também foram feitas várias exposições de fotos e documentos; projeções de filmes alemães; excursões; palestras; concurso de trovas e poesias; criação do I Salão Petropolitano de Pintura “Júlio Frederico Koeler”; inúmeras edições da Familienfest com almoço de confraternização entre membros de uma família descendente tendo inclusive a participação de familiares de residentes em outros estados brasileiros; realização da Deutsche Herbstfest em comemoração à chegada do outono; levantamento da genealogia das famílias descendentes de colonos pelo historiador Sr. Paulo Roberto Martins de Oliveira; criação da Feira Cultural de Natal, “Weihnachtsmarkt” pela então diretora artística e cultural Sra. Neyse de Aguiar Lioy; parceria na organização das comemorações pelo aniversário da cidade; almoços e jantares temáticos; solenidade comemorativa à colonização em parceria com a Câmara Municipal de Petrópolis; as solenidades do dia 29 de Junho no Obelisco em homenagem às famílias colonizadoras, na Praça Princesa Isabel no Monumento ao Major Júlio Frederico Koeler e o culto ecumênico na Praça Koblenz (Confluência) onde este ato de fé em ação de graças pelo legado de nossos antepassados é dirigido por um Frei da Comunidade Católica do Sagrado Coração de Jesus – OFM e um Pastor da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Petrópolis IECLB, representando as religiões dos colonizadores e as igrejas por eles erguidas com muitas dificuldades. A integração entre as duas religiões já ocorre há 160 anos; a organização da ala dos descendentes de colonos no desfile do Bauernfest, cada qual portando um galhardete com o nome da família colonizadora que descende, confeccionados pelo artista Sr. Bartolomeu Escarlatte Neto, então vice-presidente do Clube; a semana de eventos comemorativos aos 200 anos do nascimento do Major Koeler em parceria com a Paróquia da Comunidade Luterana, o Instituto Histórico de Petrópolis e a Academia Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos (em 2004).
Neste cenário, o destaque especial fica para a realização do I Festival Germânico em 29 de junho de 1981, idealizado pelo saudoso Sr. Ildefonso Troyack e Sra. Emygdia Hoelz M. Lyrio, que no ano de 1990, passa a ser realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Petrópolis se transformando na “Bauernfest”, hoje a maior festa cultural petropolitana que conserva, reverencia e divulga as tradições germânicas na culinária, história, danças, músicas, artesanato e vestes típicas, através de inúmeros modelos de trajes dos grupos de folclore existentes na cidade herança legada pelos nossos colonos. A Festa do Colono, como ficou popularmente conhecida entre a população e turistas, tomou grandes proporções ao longo dos anos e, sem perder sua essência, se tornou a segunda maior festa do gênero no Brasil. No ano de 2021, a Bauernfest ficou reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do estado do Rio de Janeiro.
No contexto cultural, o Clube 29 de Junho propiciou ainda a fundação de diversos Grupos Folclóricos ao longo dos anos, onde merece destaque o Grupo Danças Germânicas inserido no projeto “Amigos da Escola”, no ano de 2001, no Colégio S. Judas Tadeu, no Mosela, sob a coordenação de nossa então diretora social Sra. Lorena Montes Pacheco Carlos. O Clube contou ainda mais um grupo folclórico associado, este dedicado às danças de terras europeias, o “Trachtentanzgruppe aus Ländern Europas”, coordenado pelo instrutor Márcio Simões da Costa. Atualmente, o Clube segue se empenhando na formação de outras manifestações culturais que caracterizem o legado dos nossos colonizadores, como os jogos germânicos, festividades como almoços e cafés, entre outras atividades que reúnem representantes das famílias colonizadoras da nossa Cidade. Essas são apenas algumas das muitas realizações do Clube ao longo de sua existência. Atualmente o Clube 29 de Junho é presidido pela Sr. Marco Antônio Kling.
O Brasão do Rheinland-Pfalz (Renânia Palatinado) simboliza três regiões de domínio dos príncipes arcebispos, eleitores de reis do Sagrado Império Romano Germânico. Baseados um pouco nos princípios da heráldica, vê-se em manteler preto, elevando-se em ponta, um leão em ouro coroado e armado em vermelho, que é dos condes palatinos (em Petrópolis, possuímos os quarteirões Palatinado Superior e Inferior). Importante é a cruz em vermelho sobre um campo de prata, simbolizando Trier, a cidade mais antiga da Alemanha, fundada pelo Imperador Augusto no ano de 15 A.C.; a roda em prata, identifica Mainz. Este brasão é o emblema heráldico atual da região de onde se originam grande parte dos colonizadores germânicos que para aqui vieram em 1845. O brasão de Cidade de Petrópolis tem em sua parte superior azul a abreviação em ouro de Pedro II – P II, sob a coroa imperial do monarca, em chefe. Um manteler em ouro contém a águia prussiana. Sobreposto ao brasão da Renânia – Palatinado, o brasão de Petrópolis tem sentido do presente sobre o passado da história da Cidade Imperial.